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Foto do escritorFabrício Girão

Crítica: Luca

A nova animação da Pixar encanta com história descomplicada, com personagens muito carismáticos e com o calor e as cores de um verão na Riviera Italiana.

Divulgação/Pixar Animation Studios

Nós tivemos 6 meses para nos recuperarmos de toda a intensidade emocional de Soul, e agora a Pixar já está de volta! Nesta semana, o estúdio lança seu 24º filme de animação: Luca, com direção do italiano Enrico Casarosa, diretor do sensível curta La Luna, que estreou nos cinemas com Valente, em 2012.





Já virou quase marca registrada da Pixar os filmes que são puramente geniais, com premissas muito criativas, como Divertida Mente, ou que possuem um poder de nos deixar reflexivos por dias e dias, como o poderoso WALL-E. Logo de cara, é importante dizer que Luca não é exatamente nem um, nem outro, e isso não é necessariamente algo negativo.


Divulgação/Pixar Animation Studios

Contando a história de Luca e Alberto, dois amigos monstros marinhos que se disfarçam de humanos para visitar a fictícia cidade de Portorosso, na Riviera Italiana, a animação evoca as melhores qualidades do estúdio, seja de inventividade técnica ou de encanto visual, enquanto foca na característica principal de todos os filmes da Pixar: a diversão.


Luca é, inegavelmente, um filme divertido. A história é mais simples e descomplicada que a maioria dos filmes da Pixar, mas é contada de forma tão atrativa e eficiente que é quase impossível não desejar passar um verão sentindo a brisa do mar em Portorosso.


Divulgação/Pixar Animation Studios

O trio de excluídos


A principal força do filme é o poder que Luca, Alberto e Giulia, os personagens centrais da trama, possuem de esbanjar carisma com facilidade. Luca tem a curiosidade aguçada, mas um medo igualmente forte, Alberto parece muito autossuficiente, mas a rebeldia mascara algumas fraquezas e Giulia quer provar que pertence à cidade que sempre a faz se sentir deslocada.





No início, antes de os meninos conhecerem Giulia, a dinâmica entre Luca e Alberto é estabelecida de forma muito segura, com diálogos certeiros e bom uso de comédia visual. Fica perceptível como eles são opostos e conseguem se contrapor, o que acaba resultando na amizade perfeita. Quando o Luca é insegurança, o Alberto é confiança. Quando o Alberto é imprudente, o Luca é a voz da razão.


A pesca é uma das principais atividades em Portorosso, sendo praticada, inclusive, por Massimo, o pai de Giulia. Toda a cidade acredita na existência de monstros marinhos, e os vê como ameaças. Nesse contexto, o filme desenvolve a trama com uma leve tensão, já que o segredo dos garotos pode ser descoberto a qualquer momento, basta eles se molharem.



As cores da Itália


Luca possui um visual único, que o diferencia de todos os outros filmes da Pixar. O que o diretor Enrico Casarosa e sua equipe planejaram era usar as potentes ferramentas do estúdio para dar ao filme um visual mais estilizado, fugindo do realismo detalhado presente em outras animações atuais (Mais sobre aqui). Vendo o resultado final, fica claro que eles atingiram esse objetivo com maestria.


Ao contar uma história sobre a infância, fortemente influenciada pela imaginação e pela idealização, o filme acerta ao apostar no caricato, seja nas expressões dos personagens ou na forma com que eles se movimentam (com elementos da animação tradicional).





Somado a isso temos uma bela paleta de cores quentes, contrastada com o azul do céu e do mar, e que constantemente nos situam nesse verão italiano. Portorosso é vibrante e viva, o que ajuda a manter a energia do filme sempre alta. Para além disso, ela também é muito aconchegante, como se fosse familiar.


Amizade e respeito


Luca usa sua história descomplicada ao seu favor. É um filme que sabe exatamente os assuntos que quer explorar, e faz isso desenrolando a trama com eficiência e segurança. Ao se inspirar em sua terra natal, o diretor Enrico Casarosa faz uma linda homenagem à infância, ao imaginário infantil e às amizades que são capazes de nos marcar por uma vida toda. Tudo isso enquanto ensina sobre a importância de romper os limites da insegurança e de respeitar as diferenças, inclusive as que se apresentam através de escamas e barbatanas.



Luca


Ano: 2021

Direção: Enrico Casarosa

Elenco: Jacob Tremblay, Jack Dylan Grazer, Emma Berman, Maya Rudolph, Jim Gaffigan, Saverio Raimondo.


A trama pode até ser mais simples em relação a outros filmes da Pixar, mas isso não diminui o encanto de Luca, que faz uma linda homenagem à infância usando o calor e as cores do litoral da Itália.



Nota: 4/5





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