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Crítica - Raya e o Último Dragão: O Peso da Confiança

Influências culturais do Sudeste Asiático criam o detalhado reino de Kumanda, onde a nova princesa Disney aprende e ensina os valores da confiança e da união.

Divulgação/Walt Disney Animation Studios

Foi em agosto de 2019 que a Disney oficializou o lançamento de Raya e o Último Dragão, sua 59ª animação. Até então, informações sobre o filme circulavam na imprensa sob o título Dragon Empire, sem muitos detalhes da trama, além de que ela teria inspiração nas culturas da Ásia e que envolveria, obviamente, dragões.


Depois da revelação oficial veio o silêncio, o que nunca é bom indicador na produção de um filme. E aí veio a pandemia, que adiou a animação de novembro de 2020 para março deste ano. A bomba só chegou, de fato, quase um ano depois do anúncio do filme da D23 Expo: A Disney Animation tirou o diretor Paul Briggs do cargo, rebaixando-o para codiretor, colocou o veterano John Ripa como seu companheiro e promoveu Don Hall (Operação Big Hero) e o recém-chegado Carlos López Estrada (Blindspotting) para diretores do longa.



As mudanças de liderança em filmes no geral, sobretudo nos filmes animados, revelam que a produção não está sendo nada tranquila e que pode estar com dificuldade de encaixar os elementos da história. Então, é compreensível que as expectativas não fossem as melhores para esse novo longa da Disney Animation. Só que Raya e o Último Dragão trabalha muito bem a trama e todos os seus elementos com um ritmo adequado, diferente do apressado Frozen II.


O rico reino de Kumandra


Raya e o Último Dragão se passa no Reino de Kumandra, uma terra mágica onde os dragões viviam em paz com os seres humanos. Para derrotar os terríveis monstros Druun, criaturas irracionais que se multiplicam quando transformam seres vivos em pedra, os dragões se sacrificaram para salvar a humanidade. 500 anos depois, a ameaça dos Druun retornou e cabe a Raya, uma princesa e guerreira solitária, encontrar o último dragão vivo e derrotá-los.


Kumandra impressiona logo de cara: é uma terra de proporções continentais atravessada por um gigante rio em formato de dragão. As 5 regiões ou terras, que funcionam como reinos independentes, são nomeadas em referência a uma parte do corpo de um dragão: Presa, Coração, Coluna, Garra e Cauda.


Cada uma dessas terras possui suas próprias tradições, vestimentas, alimentos e costumes, então não só são facilmente distinguíveis umas das outras, mas criam ambientes que deixam uma curiosidade em ver o máximo possível desses lugares, que são elevados pela qualidade e riqueza de detalhes da animação.


Divulgação/Walt Disney Animation Studios

A inspiração para a criação de Kumandra veio dos países do Sudeste Asiático, onde a equipe do filme esteve presente para conhecer mais sobre a cultura de cada um. O reino traz uma junção de elementos culturais e artísticos de países como Laos, Tailândia, Malásia, Indonésia, Vietnã, Cingapura e Camboja.


Raya e o Último Dragão é um dos filmes mais bonitos da Disney, visualmente falando. Ao fazer a heroína viajar por Kumandra, passando por desertos, rios, florestas e montanhas nevadas, a Disney Animation mostra toda a sua potência em criar uma animação realista que impressiona em cada quadro. O filme tem um cuidado ainda maior com a fotografia, apostando em enquadramentos variados que destacam a beleza do reino e que valorizam cada cena.


Divulgação/Walt Disney Animation Studios

Time de inimigos


Raya é uma protagonista muito diferente de todas as princesas Disney que vieram antes dela. O otimismo característico dá lugar a rancor e desconfiança, resultado de um trauma que marcou a vida dela. Ela não possui uma jornada para se descobrir heroína, na verdade, treinou a vida inteira para ser uma guerreira. É interessante ver a Disney Animation explorando outras possibilidades em sua fórmula clássica.


Ao longo da jornada, ela se junta a um grupo improvável de aliados, cada um de uma região diferente de Kumandra. Aqui, o filme mostra mais uma de suas forças: o design de personagens diverso. Tanto a equipe de Raya, com Boun, Tong, Noi e os Ongis, quanto a população de Kumandra no geral, possuem tamanhos, formas e tons de pele diferentes, o que resulta em um leque de personagens verdadeiramente diversos.



Sisu, o último dragão do título, é a personagem mais divertida do filme. Completo oposto de Raya, a inocência de acreditar demais nas pessoas faz um paralelo interessante com a desconfiança constante da heroína, além de ela ter as melhores tiradas cômicas do longa.


Se o visual e o design de personagens são destaques positivos, o destaque negativo fica justamente por conta do visual de Sisu em sua forma de dragão, que destoa muito de tudo no universo de Kumandra. Sendo preguiçoso, simplista e com um rosto que lembra muito o da Elsa, o design da personagem causa estranheza se considerarmos que os dragões são divindades para o povo de Kumandra, o que indicaria uma criatura muito grandiosa no imaginário mas que na prática é bem decepcionante.


Divulgação/Walt Disney Animation Studios

Confiar e Acreditar


No tom, o filme é significativamente mais sério que as demais animações da Disney, além de trazer as melhores cenas de ação que o estúdio já fez. As sequências de luta, principalmente as que trazem Raya e sua rival Namaari, possuem coreografias excelentes e são uma exposição frenética de diferentes estilos de artes marciais.


Trauma e luto são outros assuntos bastante presentes na narrativa, contribuindo para essa atmosfera de seriedade. Em um reino assolado por uma praga que se espalha como fogo, todos os personagens sofreram perdas importantes que moldam quem eles são, e essa característica os aproxima.



No contexto social atual, de muita agressividade no mundo como um todo, a mensagem de Raya e o Último Dragão reverbera com muita força. Assistimos Raya se abrir para os outros, aprendendo que depositar a confiança dela em alguém pode trazer recompensas muito maiores que qualquer medo que a impede de fazer isso.


Ensinando sobre união e confiança, não subestimando os efeitos traumáticos de uma perda e trazendo uma heroína endurecida pela vida, a Disney Animation adiciona uma história de peso ao seu panteão de contos de princesas.




Raya e o Último Dragão


Ano: 2021

Direção: Don Hall, Carlos López Estrada

Elenco: Kelly Marie Tran, Awkwafina, Gemma Chan, Daniel Dae Kim, Sandra Oh, Benedict Wong, Izaac Wang e Thalia Tran.


Entregando o mundo mais rico e bem construído da Disney Animation desde Zootopia e com uma animação de encher os olhos, Raya e o Último Dragão apresenta uma heroína madura e uma lição valiosa sobre os poderes da confiança e da união.


Nota: 4.5/5





Foto de Fabrício Girão, criador do AD

FEITO POR FABRÍCIO GIRÃO

@fabriciogiraob

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