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Foto do escritorFabrício Girão

Oppenheimer é conto sobre o poder de criar e destruir

Christopher Nolan narra com tensão a história do cientista responsável pela criação da bomba atômica, e os impactos irreversíveis do invento.

Cillian Murphy no pôster de Oppenheimer
Divulgação/Universal Pictures

Ao narrar a história de vida de J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), o cientista considerado pai da bomba atômica e peça fundamental em um dos momentos mais dramáticos da Segunda Guerra Mundial, Christopher Nolan essencialmente conta uma história sobre os poderes de criação e destruição, igualmente implacáveis sobre a humanidade.


No longa, que estreia nesta semana nos cinemas, inventor e invento são paralelos um do outro, já que a trama acompanha desde a concepção e a ciência que tornaram a bomba atômica possível, até o espanto e deslumbramento com seu poder destrutivo. Ao mesmo tempo, ele também segue a ascensão de Oppenheimer como figura heroica celebrada por seu país e a seguinte queda de sua reputação quando os poderosos decidem que ele não tem mais utilidade.



Oppenheimer é um filme surpreendentemente poético, com Nolan traduzindo visualmente as inquietações do protagonista com visões abstratas e utilizando da presença bem marcada e constante da trilha sonora e do som para elevar a intensidade angustiante da narrativa. Ainda que não aproveite muito bem a duração, com uma primeira hora mais arrastada e um final que se prolonga mais que o necessário, ele encontra caminhos para renovar a narrativa, seja intercalando linhas do tempo ou construindo um convincente drama de tribunal.


Cillian Murphy em cena de Oppenheimer
Divulgação/Universal Pictures

Cillian Murphy é um fenômeno como o protagonista, em uma atuação contida mas que extravasa a complexidade de um homem perturbado e maravilhado com as possibilidades científicas daquele momento. Certamente um dos melhores trabalhos da carreira do ator. Ele é apoiado por um também excelente elenco de coadjuvantes, com Emily Blunt inicialmente apagada e depois fantástica e Robert Downey Jr. com um trabalho que deve lhe colocar nas discussões do Oscar.



Oppenheimer apresenta momentos muito distintos. Um é de encanto e curiosidade com o rápido avanço das pesquisas e da própria ciência, e com a sensação de desafio de provar que o invento poderia ser possível. Já o outro, é de completo assombro e terror, principalmente por parte do protagonista, com as mudanças irreversíveis que a bomba atômica representou para a política mundial e a humanidade.


Emily Blunt e Cillian Murphy em cena de Oppenheimer
Divulgação/Universal Pictures

Christopher Nolan e seu roteiro constroem com muito sucesso uma tensão que vai se tornando cada vez mais angustiante, acompanhando o próprio desenvolvimento da bomba. Então, no principal momento do filme, o figurado e o literal se encontram com um impacto devastador. A partir dali, o mundo não é mais o mesmo, e nem Oppenheimer. Ele criou um imenso poder de destruição para o governo, e o medo que ele sente do futuro é utilizado para destruí-lo, atacando sua reputação.


Neste que é um de seus trabalhos mais contundentes, Nolan recria com muita excelência narrativa e visual um ponto de virada na história do mundo e na vida de um cientista, onde criação e destruição andaram lado a lado.


Pôster oficial do filme Oppenheimer

Oppenheimer

Ano: 2023

Direção: Christopher Nolan

Elenco: Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr, Matt Damon e Florence Pugh


Christopher Nolan constrói tensão angustiante em narrativa poderosa sobre a ciência e a guerra, fazendo de Oppenheimer um de seus melhores trabalhos.


Nota: 5/5

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