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Foto do escritorLory Côrtes

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre emociona e empolga, mesmo soando repetitivo

Com a muito sentida a ausência de Chadwick Boseman, as mulheres de Wakanda tomam o centro em sequência que homenageia o legado do herói e do astro.

Divulgação/Marvel Studios

Nunca vou me esquecer de como foi assistir Pantera Negra no cinema. Nunca estive em uma sala com tantas pessoas negras e a atmosfera de empoderamento e de finalmente poder ver um grande blockbuster com elenco majotirariamente negro foi indescritível.


Quatro anos depois a Marvel Studios se viu na difícil tarefa de dar continuidade ao fenômeno depois de perder seu protagonista, passar por uma pandemia e consequentemente por filmagens que sofreram com atrasos e com controvérsias envolvendo parte do elenco… Ainda assim, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre chegou aos cinemas brasileiros nesta semana.



Após a repentina morte de Chadwick Boseman, que chocou o mundo, muito se especulou sobre o que seria feito com seu personagem, o próprio Pantera Negra. Nesse sentido, esse novo filme teve que ser escrito tentando balancear uma forma de honrar o astro e mover a história adiante.


O longa começa com uma linda homenagem que emociona e que nos coloca de volta no mundo rico e belíssimo de Wakanda. Após respeitosamente se despedir de seu personagem principal, a trama tem um salto de um ano e novos conflitos são desenhados.


Divulgação/Marvel Studios

As Mulheres de Wakanda


A Rainha Ramonda (Angela Bassett) assume o trono novamente e a atriz rouba a cena durante boa parte do filme. A vemos tendo que conciliar seus deveres como soberana, com o luto por seu filho e com a tentativa de ajudar sua filha a seguir em frente. Bassett está excepcional e merece todo o destaque por carregar tão bem todo o drama, o que é essencial para a proposta da obra.


Porém, não é possível dizer o mesmo de Shuri (Letitia Wright), apesar de ela ser boa atriz. Desde o início são claras as artimanhas do roteiro para fazer com que ela assuma um papel mais central, mas não vemos o mesmo peso e presença que T'Challa tinha.



Ao seu lado, Okoye (Danai Gurira) ganha mais espaço na trama e mais uma vez encanta com sua força, lealdade e senso estético impecável. Além de outras personagens que já conhecíamos, há também a novata e super inteligente Riri Williams (Dominique Thorne). A estudante tem carisma, ótimo timing cômico e logo deve ganhar o público. Ela e Shuri formam uma ótima dupla e a química entre as duas é muito gostosa. As mulheres dominam Wakanda Para Sempre e foi incrível ver tantas atrizes e personagens negras com esses papéis de destaque, evidenciando a importância delas nesse mundo.


Divulgação/Marvel Studios

A ameaça de Namor


Não poderia faltar um antagonista para essa história, e assim somos apresentados a Namor (Tenoch Huerta) e seu reino subaquático. Todo o processo de apresentar novos personagens e um novo mundo é realizado com sucesso e a sociedade submersa de Talokan surpreende com sua simplicidade e beleza, que me lembrou muito da animação O Caminho para El-Dorado, ja que aqui a nova origem do primeiro personagem da Marvel traz ascendência e a cultura mesoamericana.



Namor expande o mundo de Pantera Negra, mas ao mesmo tempo traz repetições e problemas que lembram o primeiro filme. Todo o conflito envolvendo o personagem e os dois reinos é muito parecido com o que vimos entre Killmonger e T'Challa. O mutante traz questionamentos e mágoas relacionáveis, mas suas ações nem sempre são as mais acertadas, exatamente como aconteceu com o antagonista do longa anterior. E isso nos leva ao principal problema do filme.


Divulgação/Marvel Studios

O Luto que Cega


Com duas horas e quarenta minutos de duração, o filme não só é muito longo como também um pouco cansativo. O roteiro desenvolve dois grandes arcos que se misturam, mas que poderiam ter sido trabalhados separadamente em dois filmes menores, o que talvez melhorasse a experiência.


Além do embate com Namor e seu reino, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre tem o luto como o grande tema que permeia seus personagens e história. Essa parte dramática é trabalhada com cuidado e ao longo da narrativa vemos principalmente Shuri se deixar cegar pela dor e desejo de vingança, o que faz sentido, mas novamente recicla um dilema que T'Challa vivenciou anteriormente, em Capitão América: Guerra Civil.



Pantera Negra: Wakanda Para Sempre conta com ótimos personagens e com visual e figurinos impecáveis, mas desliza justamente por ser longo demais. Infelizmente, o filme não tem a mesma força do primeiro, e apesar de todos os esforços e do respeito por seu legado, é nítida a falta que a presença de alguém como Chadwick Boseman faz.


Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Ano: 2022

Direção: Ryan Coogler.

Elenco: Letitia Wright, Danai Gurira, Lupita Nyong'o, Angela Bassett e Tenoch Huerta.


Apesar da repetição de temas ao longo de sua longa duração, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre emociona com homenagem a Chadwick Boseman e empolga com o protagonismo feminino.


Nota: 3.5/5


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